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CAAL 2006 Entre Ríos

Viertes Treffen der deutschsprachigen Gemeinschaften Lateinamerikas

Cuarto encuentro de las comunidades de habla alemana de América Latina

Tradução: pode-se traduzir a imagem, mas não a colorido ...

O tema «tradução», à primeira vista, parece algo muito simples e fácil. Entretanto, «traduzir» não é tarefa fácil, nem simples! Às vezes torna-se difícil e deveras complicado. E de conformidade com a situação sócio-cultural, esta dificuldade e complicação pode levar a grandes mal-entendidos, de conseqüências desagradáveis e até funestas.

É relativamente fácil traduzirmos substantivos, muitos adjetivos e a maioria dos verbos. Já quando tratamos de «objetos e coisas» – típicas de determinados países – sem equivalente na «nossa Língua ...», usamos o termo de origem. Por exemplo: «Pizza», da Língua Italiana e «Malzbier» da Alemã. As pronúncias, muitas vezes sofrem adaptações ... Os «NOMES PROPRIOS», no entanto, assim como os «ENDEREÇOS», não devem ser traduzidos. Ao certo, os NOMES PRÓPRIOS devem ser escritos e pronunciados tal como em sua origem ...

O «CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL» sempre deve ser levado em consideração, daí o porquê de um tradutor sério e competente precisar ter algum conhecimento sobre os costumes e hábitos do(s) povo(s), que fala(m) a Língua, da qual se propõe efetuar traduções ... Precisa, igualmente, ter algum domínio sobre O ASSUNTO, de que vai tratar. Eu, por exemplo, não posso me candidatar a traduzir um texto sobre «FÍSlCA», ou sobre «MEDICINA», que são áreas em que pouco ou nada entendo. Exceto se me forem dados os significados das «PALAVRAS-CHAVES», com algumas explicações a mais sobre o assunto a ser traduzido. Mas neste caso, eu já estarei entendendo um «pouquinho» do assunto a ser traduzido. Ninguém é «tradutor» para tudo ...

Outro aspecto básico, que precisa ser levado em conta, é que ao se fazer uma tradução de um texto, «não se devem traduzir ‹palavras›, mas sim, ‹as IDEIAS›, que o texto apresenta ...!» De uma Língua para a outra, muitas vezes as mesmas idéias são expressas por palavras muito diferentes. Muitas vezes, também, as mesmas expressões significam coisas diferentes, em diferentes línguas. Ex.: «Alles blau» – TUDO AZUL, para os teuto-brasileiros significa «Tudo Bem!» Já na Alemanha significa «Todos bêbados ...»!

Chamou-me a atenção – convivendo e conversando com pessoas de diferentes níveis sociais e culturais – o diferente conceito, que muitas têm da palavra «trabalho ...» (OU, do verbo «trabalhar ...») Ex.: a) Eu preciso trabalhar porque sou pobre ... b) Fulano não precisa trabalhar porque ele é rico ... c) A professora «X» não trabalha, ela só leciona ... d) Meu filho, estude, senão você vai ter que trabalhar na roça ...

Todos nós já ouvimos pessoas, dizendo mais ou menos assim: «Bem, esta piada fica melhor no original; traduzindo, perde um bocado do seu sabor ...!» Pois é! «PlADAS» e «ANEDOTAS» são bons exemplos para ilustrar o como as traduções nem sempre são perfeitas e muitas vezes, até, perdem bastante a graça e o sentido, que têm no idioma original. Quando se trata de uma dessas historietas, que têm a ver com «jogo de palavras», muitas são intraduzíveis ...

Se observarmos – no campo do humor, por exemplo – brasileiros e americanos, assim como os ingleses e outros – têm um senso de humor muito diferente ... Isto efetivamente tem a ver com as DIFERENTES CULTURAS, HABITOS e COSTUMES ...

Os «falsos cognatos» (palavras iguais ou muito parecidas em distintos idiomas, com sentido diferente), muitas vezes se constituem em «arapucas» muito traiçoeiras. Ex.: (em lnglês): exit = «saída», êxito = success; college = «faculdade», colégio = high school; to push = «empurrar», puxar = to pull; (em Espanhol): comedor = restaurante, ... = ... ; una mujer embarazada = uma mulher grávida; carnicero = açougueiro, carniceiro = sangüinário, cruel; (em Alemão): bekommen = receber, (em Inglês): to become = tornar-se; Fabrik = Fábrica, (em Inglês): fabric = tecido, estructura.

Assim também, em diferentes países (CULTURAS), cores e gestos (SENHAS) podem assumir conotações diferentes daquelas que nós comumente entendemos. Ex.: Na Rússia, «Praça Vermelha» = Praça da Paz ... No Japão, a cor preta representa gala, festa. Na Albânia, Índia a nalguns outros países africanos, acenos com a cabeça – significando «SIM» e «NÃO» é o contrário do que nós entendemos ...

As «gírias» variam de país para país, de região para região, de comunidade para comunidade, daí o porquê de – em aulas de línguas estrangeiras – raras vezes se dar atenção às gírias ... Além de locais e/ou regionais, as gírias normalmente, são de duração efêmera, ou, passageiras. Quando uma gíria lança raízes e se estabiliza num determinado idioma, acaba virando «expressão idiomática».

As «metáforas» – (comparações, semelhanças) – não raras vezes constituem as bases para errôneas interpretações e conseqüentes equívocos de grandes proporções. (Neste caso, a «Bíblia» é um bom exemplo de como muitos de seus seguidores fazem interpretações tão distintas dos mesmos textos ... E as conseqüências disso tudo – ao longo da história – até as pessoas medianamente esclarecidas sabem ... (Ex.: «O mundo, DEUS fê-lo em seis dias e no sétimo descansou.» «DEUS fez a Eva da costela de Adão.» «A mulher deve ser subordinada ao marido». «Matusalém viveu 969 anos.»)

Quanta discussão e até «RIXAS» por causa do «sâbado ou domingo ...!» Oras, a palavra «sábado» tem sua origem na antiga Língua Hebraica, «shabbath» – com um posterior estágio no Latim = «sabbatu» – e o seu significado original é «Descanso». (Trocando isso em miúdos, equivale a dizer: as pessoas não devem só trabalhar; devem também descansar, arejar a cabeça, os pensamentos, as idéias ... Que diferença faz «descansar em ‹X› ou ‹Y› dia ...?!»)

Ainda sobre a idade de Matusalém – 969 anos, segundo a Bíblia – convém lembrar que na época em que esta pessoa viveu, não existia ainda o nosso conhecido e adotado «Calendário Gregoriano» (ou Juliano). Ainda hoje, em diferentes países, adotam-se calendários, cujo número de dias é diferente do nosso Gregoriano. Sei de leituras, que numa região da Ásia vive um povo, que adota um calendário, cujo espaço de tempo equivale a um ciclo lunar, isto é, 28 dias ... Oras, de conformidade com tal calendário, todos nós conhecemos pessoas mais idosas que Matusalém ...

«Brutus», filho adotivo de Júlio César, imperador Romano, participou duma conspiração, que, de forma traiçoeira, apunhalou e matou o lmperador. Conta-nos a História que as última palavras de Júlio César teriam sido: «Brutus, até você meu filho ...?!» Pois de «BRUTUS» nós temos em Português a palavra «Bruto», significando: grosseiro, rude, sem educação, violento, repugnante, etc. Já na Língua Italiana a palavra «bruto» traz-nos a idéia de «FEIO ...».

De conformidade com o «Modus Vivendi», ou do «Way of life ...», que caracteriza uma determinada sociedade, um determinado grupo de «... pensadores ...» – e ainda de conformidade com as tendências ‹políticas› de quem der a sua versão, as mesmas palavras e textos, curtos ou longos – podem aparecer traduzidos de forma errada, tendenciosa e muito injusta, muitas vezes. Assim, em diversas fontes já me deparei com a palavra «Volksdeutsche» – que significa na verdade «alemão étnico», que descende de alemães – traduzido maldosamente por «alemão racista ...!» (Aliás, já notei, muitas vezes que, quando um ALEMÃO, ou um BRASILEIRO usa a palavra «raça», ela é encarada de forma depreciativa. Em contrapartida, AMERICANOS, INGLESES, FRANCESES, ESPANHÕIS, JAPONESES, lTALlANOS e outros, usam esta palavra com muita naturalidade, sem causar constrangimento em ninguém.)

Há cerca de três anos, ouvi uma entrevista do saudoso Presidente da Alemanha, sr. Johannes Rau, pela TV Deutsche Welle. Dizia S. Exa. que ele era apenas um «Patriot», não um «Nazionalist», haja vista que um NACIONALISTA preza demasiadamente a sua Pátria, em detrimento das outras. E deu uma «CARROÇADA DE EXPLlCAÇÕES» neste sentido, uma mais descabida que a outra. Aquilo que Johannes Rau denominava de NACIONALISMO, na verdade denomina-se «Chauvinismo», que nada tem a ver com o BOM E NECESSÁRIO NACIONALlSMO ... É! Eu não conheço POVO MAIS NACIONALISTA QUE O «SUÍÇO ...».

Há muitas palavras e expressões, que em diferentes idiomas, são ditas de maneiras tão distintas, que poderão levar a mal-entendidos, também. Vejamos: Nõs, os brasileiros, dizemos: «batata inglesa». Os ingleses, ao se referirem ao mesmo tubérculo, dizem: «Irish potato» = ‹batata irlandesa›. «Peru» – em Português – pode ser a ave e o país. En lnglês, Peru é «turkey». Enquanto isso, nem no PERU ou TURQUIA o nome do país tem a ver com a ave ...

Nós, os brasileiros, no país do futebol, praticamos como ninguém esta modalidade esportiva, que teve origem na Inglaterra, em circunstâncias trágicas. Na Inglaterra diz-se «foot-ball», e nos USA, «soccer». FOOT-BALL, nos USA é o ‹futebol-americano ...›. A palavra inglesa COW-BOY é traduzida por «vaqueiro», que nós, os brasileiros, sabemos o que é. A mesmíssima acepção, porém, não se tem em inglês ... Neste idioma, a conotação de «aventureiro» também está associada à palavra-COW-BOY.

Como cada país tem a sua própria maneira de se estruturar administrativamente, termos que CÁ existem – e as suas traduções registradas em dicionários – muitas vezes não correspondem com precisão aos reais significados, que encontramos LÁ e vice-versa ... Ex.: Na Alemanha existem «4 níveis de executivos» e no Brasil apenas 3 ...!» (Lá existe o «Oberbürgermeister» = ‹Prefeito Primeiro Burgomestre›, que aqui não existe.) Lá também existe, na divisão administrativa: O país = LAND; o estado = BUNDESLAND. O KREIS = «distrito» e a última divisão é a STADT (= cidade, município). O «KREIS» é administrado pelo «Oberbürgermeister ...».

Na Suíça, o Congresso Nacional é uni-cameral, isto é, não há senadores, como no Brasil. As funções são um tanto quanto diferentes ... Daí também as denominações respectivas. Na hierarquia militar – em inúmeros países – os postos são diferentes assim como as respectivas denominações. Assim, na Polícia Militar por exemplo, na Argentina há menos «postos» até o mais graduado, que no Brasil.

No Paraguai, em Cuba e noutros países, não se dividem: soldados do exército, polícia e bombeiros ... Todos são SOLDADOS. Havendo diferenças de organização, é obvio que também haverá «terminologias» diferentes.

O Brasil é dividido em Estados, a Argentina em Províncias e o Paraguai em Departamentos. A palavra «distrito», encontramo-la em diversos países, mas com conotações as mais variadas imaginaveis ... «Município», no Brasil nós sabemos o que é. Na Itália significa «Prefeitura ...!».

Mas no mundo globalizado, onde «OS NÚMEROS» são cada vez mais importantes, é deveras interessante cuidarmos com as «vírgulas» e com os «pontos ...», além de outras terminologias relacionadas aos «NUMEROS ...!» Vejamos: Em Inglês usa-se o ponto para separar as decimais das unidades, ao passo que em português usa-se a vírgula; por exemplo: 4.5 = (four point five) = 4,5 = (quatro vírgula cinco). A. vírgula, em inglês, usa-se para separar os milhares das centenas, etc., onde em português usa-se o ponto; por exemplo: (inglês = 3,500) = (Português = 3.500). Inglês: .5 = point five. Português: 0,5 = zero vírgula cinco. Inglês: 43,861.36 = forty-three thousand eight hundred and sixty-one point thirty-six. Português: 43.861,36 = quarenta e três mil oitocentos e sessenta e um vírgula trinta e seis. Inglaterra: 1,000 = thousand, 1,000,000 = million, 1,000,000,000 = thousand millions = milliard, 1,000,000,000,000 = billion. Brasil: 1.000 = mil, 1.000 = mil, 1.000.000 = milhão, 1.000.000.000 = bilhão, 1.000.000.000.000 = trilhão.

Em curtas pinceladas, pelos exemplos expostos e comentários feitos, já nos é possível perceber que «TRADUZIR» não é tão·simples como à primeira vista nos pode parecer ... Graças a equívocos em traduções, muitas coisas chegaram até nós de forma incorreta e por vezes até maldosas, com conseqüências trágicas. Mas muitas coisas boas também chegaram a nós, através de TRADUÇÕES corretas, nunca com aquele sabor original, é claro. Daí o porquê de eu entender que não há nenhum exagero em afirmar que «pode-se traduzir a imagem, nunca o colorido ...!» E então, quem se dedicar ao estudo e conseqüente domínio de outras Línguas, com certeza irá mergulhar – naquela CULTURA, tendo assim acesso àquele «SABOR», que só nos originais existe.)

Prof. Altair Reinehr

Lingüista e Membro da Associação Nacional de Pesquisadores da História das Commidades Teuto-Brasileiras

Rua Santa Catarina, 120, 89874-000, Maravilha-SC, Brasil

reinehr-prof.altair@hotmail.com